Bahiarun
PESO kg
ALTURA m cm
Seu IMC é: 0
DISTÂNCIA km
TEMPO : :
Seu ritmo é: 0:00 mim/km

O paratleta Ricardo Serravalle nada 62,2km de Salvador a Morro de São Paulo em 22 horas

Redação Bahiarun, 8 de janeiro de 2016

Desafio a Nado Salvador x Morro de São Paulo _foto1

O paratleta Ricardo Serravalle nada de Salvador a Morro de São Paulo (Foto: Divulgação)

O paratleta baiano Ricardo Serravalle entrou para a história ao se tornar a primeira pessoa a nadar da Praia do Porto da Barra, em Salvador, até a ilha de Morro de São Paulo, no Município de Cairú. Foram 62,2km nadados em 22 horas ininterruptas em mar aberto de difíceis condições.

A largada aconteceu às 08h30 do sábado, dia 19 de dezembro. Junto a Ricardo seguiram três embarcações de segurança e o apoio do amigo Fábio Seligra que também cumpriu todo o trajeto em sua prancha de stand-up padlle.

"O início foi bem difícil, saímos na troca de maré e ao passar pelo Farol da Barra entrou um vento muito forte que deixou o mar bem agitado até o início da noite", comentou Ricardo.

Mas segundo ele o momento mais tenso foi quando recebeu a visita de tubarões que existem em certa quantidade naquela região. "Estávamos chegando perto de Caixa Prego - metade do caminho até Morro - quando recebi mordiscadas nos dedos dos pés, quando olhei vi que eram pequenos cações, ainda filhotes, mas fiquei com muito medo pensando que os pais poderiam aparecer a qualquer momento" , comentou o nadador.

Mas o pior ainda estava por vir, pouco tempo depois três cações maiores apareceram e começaram a circular em seu entorno.  "Chamei Fábio e subi imediatamente na prancha dele, estava apavorado, Fábio ainda filmou os cações circulando em volta da prancha, mas não podia ficar ali o tempo todo e pensei com calma que se eles não me atacaram até agora não mais atacariam, estavam apenas curiosos", citou Ricardo Serravalle.

Mas com a escuridão também começaram os problemas Ricardo relata que uma lesão recorrente em seu ombro esquerdo iniciou um processo agudo de dor e que por volta das 21 horas o ombro direito também começou a doer.

"Era como uma corda de violão sendo tensionada, eu nadava forte e quando sentia que a corda ia estourar eu diminuía o ritmo, mas o problema é que o espaçamento dessa sensação ia diminuindo gradativamente a ponto de por volta das meia noite não conseguir sequer dar uma braçada. Para tentar enganar a dor fiz um pacto comigo de continuar de qualquer jeito até o dia amanhecer", afirmou o paratleta.

Ricardo conta que estava em pânico de nadar a noite em mar aberto e ainda mais depois da experiência com os cações, ele diz que não enxergava nada a sua frente e que passou a noite rezando, pedindo proteção. "Nadar as cegas é bem complicado, se alguma coisa cruzasse o meu caminho não teria como evitar, estava ali completamente vulnerável e tive que decidir me entregar aos desígnios de Deus e torcer pra não acontecer nada", relatou Ricardo.

O dia amanheceu e as dores dos dois ombros estavam cada vez piores, a expedição havia diminuído muito o ritmo intenso do dia anterior, mas Morro de São Paulo já estava a vista, porém o atleta ainda teve que lidar com mais dificuldades.

No amanhecer do dia seguinte, Ricardo contou que ficou bem mais aliviado com a questão da escuridão ter passado, mas declarou que ombros dele estavam em frangalhos e que não imaginava como seria nadar mais de 2,5km. "Quando meu ombro direito sofreu um estalo e senti como se realmente a corda de violão tivesse sido tensionada a tal ponto que partiu, neste momento comecei a nadar só com o braço esquerdo que também estava doendo muito e não aguentei nadar muito tempo assim ai alternei com pernadas de peito e craw", revelou Ricardo.
Mas ainda havia um problema, segundo Ricardo a correnteza agora o tirava do seu ponto de destino e estava jogando toda a expedição para o lado da localidade de Guaibim. Disse que o seu maior incentivador, o seu técnico Bruno Vasconcelos, lhe incentivou muito mandando que nadasse até a terra de qualquer jeito.

"Naquele momento comecei a pensar no discurso que faria quando desistisse e chegasse a terra em cima da embarcação, pensei que literalmente havia nadado e morrido bem próximo a praia, me veio a cabeça o desenrolar da desistência, como seria a reação das pessoas, dos apoiadores e de todos envolvidos que torceram tanto, isso me incomodou muito", revelou o nadado.

"Naquele momento difícil pensei: Que se dane, vou chegar de qualquer jeito. Cerrei os dentes e dei um tiro em direção a Primeira Praia, fui chorando de dor até que consegui entrar. Ai veio o choro de felicidade, meus óculos já estavam cheios de água, quando vi a areia se aproximando reconheci aquela paisagem que tantas vezes mentalizei durante os treinamentos, agora tudo era real" , contou  Ricardo.

Ao pisar na areia de Morro de São Paulo, esse paratleta que superou três episódios de AVC e um grave acidente, entrou definitivamente pra história do esporte, dando um exemplo de dedicação e força de vontade em busca de conseguir esse feito fantástico!

Ricardo foi recepcionado pela família, amigos e representantes da Prefeitura Municipal de Cairú que preparam um coquetel de sucos e frutas para os membros da expedição e convidados, dentre eles muitas crianças de projetos sociais ligados a Prefeitura. Ricardo ainda teve fôlego para proferir um palestra sobre a importância da Preservação dos Oceanos e da Baía de Todos os Santos e deixar o recado final de que nunca podemos deixar de sonhar.

Desafio a Nado Salvador x Morro de São Paulo _foto2

O paratleta Ricardo Serravalle foi recepcionado pela família, amigos e representantes da Prefeitura Municipal de Cairú (Foto: Divulgação)

Quando questionado sobre qual o próximo desafio Ricardo diz que agora vai se dedicar um pouco a terminar o livro que está escrevendo e de fazer o documentário sobre esse projeto ambiental, segundo ele, tudo foi filmado em imagens de alta resolução, desde os treinamentos, os desafios intermediários e o desafio final até Morro de São Paulo.

Agora o paratleta se empenha na busca de alguma empresa que se interesse em produzir esse documentário. No final, deixou  escapar que ainda em 2016 virão outros desafios.

Fonte: Assessoria de Imprensa - Desafio Ambiental a Nado Salvador Morro de São Paulo


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*