Maratona de Londres 2018 foi a edição mais quente da história
Redação Bahiarun, 25 de abril de 2018
Havia uma grande expectativa para a edição 2018 da sempre rápida Maratona de Londres, disputada no último domingo (22/04). Era para ser a maratona da quebra do recorde, ou melhor, dos recordes. Poucas vezes na história se aguardou tanto a quebra de marcas na prova. Infelizmente, não deu. Esse foi o sentimento geral após a realização da prova.
No feminino, a queniana Mary Keitany e a etíope Tirunesh Dibaba correriam puxadas por "coelhos" masculinos até o final da prova, que marcavam o ritmo forte para a prova, tentando igualar (ou superar) a marca de 02h15min25s da britânica Paula Radcliffe, imbatível desde 2003.
Na prova masculina, a expectativa era também muito grande. O queniano Eliud Kipchoge tinha tudo para superar a melhor marca para a maratona de 02h02min57s de seu compatriota Dennis Kimetto. No entanto, o calor inesperado durante a prova estragou os planos dos organizadores.
Os 17°C da largada, que se transformaram em 24ºC na chegada, decididamente foram decisos para qualquer chance de quebra de marcas. Keitany e Dibaba se arrastaram até o final e viram a queniana Vivian Cheruiyot vencer com 02h18min31s, bem distante da melhor marca obtida por Radcliffe.
Kipchoge fez o possível e até venceu a prova. Só que suas 02h04min27s soaram decepcionantes para quem esperava ver a quebra da melhor marca da maratona. O tema promete ser resgatado em setembro próximo, quando a nata da elite se reúne na igualmente rápida Maratona de Berlim.
Eliud Kipchoge é a principal razão de tanta decepção. Simpático e sempre sorridente, o queniano de 33 anos disputou 10 maratonas na vida e venceu nove delas. É uma espécie de Roger Federer da corrida de fundo. Ganhou Berlim, Chicago, três vezes Londres, além da Maratona Olímpica do Rio.
É dele a terceira marca na distância, com 02h03min05s, apenas miseráveis oito segundos atrás da marca de Kimetto. Mas a maior façanha de Kipchoge não se deu no ambiente das principais maratonas.
Em 2017, ele foi uma das três cobaias em um experimento científico-marqueteiro da Nike. A empresa de material esportivo reuniu fisiologistas, engenheiros e PHDs nas áreas mais diversas para quebrar a barreira das duas horas na maratona. O desafio final se deu em maio passado na pista de Monza, na Itália.
As condições eram ideais. Temperatura, umidade, circuito plano, um carro-madrinha dando o ritmo na frente com coelhos que se revezavam, tudo perfeito. Fora os tênis utilizados, que impulsionavam as passadas.
A marca não foi batida, mas foi por pouco, muito pouco. Kipchoge fechou a distância em 2h00min25. Não valeria para recorde pelas condições artificiais de corrida descritas acima, só que valeu para mostrar que o bicho-homem poderia, sim, correr bem mais perto de duas horas.
Londres, 2018, seria o palco perfeito se... a temperatura não sabotasse. É verdade também que os marcadores de ritmo, bancados pela organização da prova, exageraram no ritmo. No masculino, passaram a meia maratona com 1h, no feminino, com 1h07min16s.
Marcas que até fariam sentido se a temperatura estivesse abaixo de 10 graus centígrados. Com o incomum calor londrino nessa época do ano (foi a mais quente maratona de Londres já disputada), os candidatos a bater a melhor marca da maratona foram "quebrando" um a um.
A decepção do público só não foi total porque o ídolo inglês e bicampeão olímpico nos 5.000m e 10.000m, Mo Farah, terminou em terceiro com 20h06min32s e quebrou o recorde britânico da maratona que perdurava desde 1985.
Na segunda posição, o etíope Tola Kitata terminou com 2h05min cravadas. No feminino, Vivian Cheruiyot teve no pódio a companhia da compatriota queniana Brigid Kosgei e da etíope Tadelech Bekele.
Em Berlim, Kipchoge terá mais uma chance de escrever seu nome na história como o maior maratonista de todos os tempos.
Não estará sozinho. Terá provavelmente as companhias de veteranos como o etíope Kenenisa Bekele, que detém o segundo tempo da história (02h03min03s) e só chegou na sexta posição no domingo, e de novatos etíopes como Guye Adola (melhor marca de 02h03min46s já na estreia), Leul Gebrselassie (02h04min02s) e Berhanu Legesse (02h04min15s).
Fonte: Sérgio Xavier Filho-Folhapress (texto editado)
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