Maratona feminina no Mundial de Atletismo em Doha é realizada em condições severas
Redação Bahiarun, 29 de setembro de 2019
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Helalia Johannes, terceira classificada na maratona, se curva após cruzar a linha de chegada. (Foto Ali Haider EFE)
Foi sofrido para as melhores maratonistas do mundo correrem pelas ruas de Doha, no Mundial de Atletismo, na noite da última sexta-feira (27/09/2019), no Catar. A maratona feminina teve a largada às 23h59min (19h59min no horário de Brasília). Devido a alta umidade relativa do ar, em 76%, com uma temperatura de 32ºC, as atletas sofreram durante os 42,2km de prova, sendo que 29 das 69 competidoras abandonaram a corrida.
Em cadeiras de plástico, com o olhar perdido e os ombros caídos, desorientadas, algumas mulheres suadas e caladas, rodeadas de assistentes médicos medindo sua temperatura e cobrindo-as com sacos de gelo ainda inteiros. Mais ao fundo, um trânsito constante de grandes carrinhos de golfe transformados em ambulâncias silenciosas que transportavam, com as janelas fechadas, algumas jovens à beira do desmaio. Outras eram levadas em cadeiras de rodas.
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A italiana Giovanna Epis caída no chão recebe atenção médica durante a prova. (Foto: Ali Haider EFE)
A maioria, inclusive, passou mal e algumas atletas tiveram de ser retiradas de cadeira de rodas. Durante o percurso, a alternativa encontrada pelas maratonistas foi levar cubos de gelo enrolados em esponjas, além de constantemente jogarem água gelada no próprio rosto com o objetivo de manter a temperatura corporal baixa.
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A maratonista portuguesa Carla Salomé Rocha se hidrata durante a maratona em Doha. (Foto: Mustafa Abmunes/AFP)
“Isso não é uma maratona, não é esporte. É um descontrole”, citou um renomado técnico, que sofreu observando o patético espetáculo.
Outros técnicos (99% dos espectadores eram técnicos dos diferentes países) se perguntavam por que, sabendo como é Doha, a IAAF (Associação Internacional de Federações de Atletismo) não preferiu que as corridas de longa distância fossem disputadas em outro país.
“Teria sido pior para a reputação da IAAF suspendê-la que disputá-la nessas condições?”, perguntou em voz alta um membro da equipe de saúde (16 médicos e mais de 40 assistentes) que foi mobilizada.
Às 03h30 da madrugada, a atleta bielorrussa Volha Mazuronak, quinta colocada, resumiu em várias frases lapidares, advindas do seu sofrimento, o que a maioria pensava: “A umidade mata. Você não tem ar para respirar. Pensei que não terminaria. Foi uma falta de respeito com as esportistas. Meia dúzia de dirigentes se reuniram e decidiram trazer até aqui o campeonato, mas eles estavam sentados com ar condicionado, e certamente agora já estão dormindo”, declarou Volha.
Problemas à parte, a maratona terminou com a vitória da queniana Ruth Chepngetich, com o tempo de 02h32min42s. Completaram o pódio Rose Chelimo, do Bahrain, com 02h33min46s, seguida por Helalia Johannes, da Namíbia, com 02h34min15s.
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Queniana Ruth Chepngetich (no centro) foi a vencedora da maratona feminina em Doha (Foto Mustafa Abmunes/AFP)
Nunca tinha havido tantas desistências numa maratona do campeonato mundial de atletismo, mesmo com a largada realizada à meia-noite, a temperatura era de 30 graus e quase 80% de umidade, no limite do suportável. Duas atletas acabaram no hospital. Dezenas foram assistidas na tenda médica logo após cruzar a linha de chegada. A 40ª classificada, a costarriquenha Gabriela Traña, chegou com 47 minutos depois da chegada da vencedora.
O Campeonato Mundial de Atletismo de 2019 é a 17ª edição do campeonato bienal do esporte, que está sendo realizado entre 27 de setembro e 6 de outubro, no Khalifa International Estadium em Doha, no Qatar
Fontes: El Pais e Gaucha ZH (texto editado).
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