Correr uma maratona resulta em benefícios para a saúde cardiovascular
Redação Bahiarun, 7 de janeiro de 2020
Há vários tipos de promessas para todos os gostos para se realizar no ano que se inicia e não seria surpreendente encontrar alguém que tenha decidido que vai, pela primeira vez, participar de uma maratona nesse ano de 2020.
Se o plano for realmente cumprido (não basta apenas tomar a decisão), isso pode ter um impacto positivo na saúde, diz um estudo publicado nesta segunda-feira (06/01/2020) na revista Journal of the American College of Cardiology.
O trabalho conclui que as pessoas que correm pela primeira vez uma maratona conquistam uma redução da pressão arterial e combatem a rigidez das artérias num saldo positivo total que equivale a um recuo de quatro anos na idade vascular.
Antes de tudo, é importante frisar que nem todos mundo pode ou deve correr uma maratona. Não basta tomar a decisão e colocar um par de tênis. A participação numa maratona requer uma preparação intensiva ao longo de alguns meses, como também é imprescindível que o corredor possua boas condições de saúde. Dito isto, é verdade que já teremos assim meio caminho andado para estarmos perante o futuro maratonista.
Também é considerado que uma pessoa que se prepara para correr a maratona opta por uma alimentação e um estilo de vida mais saudável, uma vantagem que também deve ser levada em conta para o resultado final desta experiência.
Assim, não será muito surpreendente que a decisão resulte num benefício na saúde das pessoas que correm pela primeira vez uma maratona ou fazem outro tipo de exercício físico. O mais interessante aqui é a ligação entre a maratona e uma quantificação mais precisa desse benefício.
O estudo agora publicado calcula que o “rejuvenescimento” referente à pressão arterial e à espessura das artérias corresponde a quatro anos de idade vascular. E, aparentemente, os que mais se beneficiam com este desafio são os corredores mais velhos, mais lentos, do sexo masculino, e com pressão arterial basal (a chamada “FC mínima”) mais alta.
“Fazer uma recomendação de treino com exercícios com um objectivo – como inscrever-se numa maratona ou corrida – pode ser uma boa motivação para que se mantenham mais ativos e saudáveis”, argumenta a autora Charlotte H. Manisty, do Instituto de Ciência Cardiovascular da University College e do Barts Heart Center, ambos em Londres, num comunicado dado à imprensa sobre o estudo.
O trabalho, acrescenta ainda a especialista, reforça a importância de alterações no estilo de vida para diminuir os riscos associados ao envelhecimento, mas também mostra – com os resultados obtidos entre os participantes mais velhos – que nunca é tarde demais para começar.
A pesquisa envolveu um grupo de 138 participantes (com uma média de 37 anos de idade) saudáveis e estreantes na maratona de Londres de 2016 e 2017. Os investigadores avaliaram os “atletas” antes do treino e passados alguns dias da conclusão da corrida para perceber se o espessamento e a perda de elasticidade da aorta, que geralmente surge com a idade, seria reversível com o treino físico. A rigidez das artérias faz parte do envelhecimento e está associada às várias doenças cardiovasculares, como a aterosclerose ou o AVC.
Os exames e as medições foram realizados antes do início do treino, que começou seis meses antes da maratona, e repetidos após cerca de três semanas do desafio cumprido. Além da medição da pressão arterial, foram realizadas ressonâncias magnéticas para avaliar a rigidez aórtica. “A idade aórtica biológica foi determinada a partir da relação entre a idade do participante e a rigidez aórtica em três níveis da aorta”, adianta o comunicado.
Os planos dos treinos previam a realização de três corridas por semana com um grau de dificuldade que ia aumentando progressivamente, mas os participantes podiam optar por outra forma de preparação. “O treino diminuiu a pressão arterial sistólica e diastólica (máxima e mínima), em quatro e três mmHg (milímetro de mercúrio), respectivamente.
"No geral, a rigidez aórtica diminuiu com o treino e foi mais pronunciada na aorta distal [abdominal] com aumentos na distensibilidade – a capacidade de inchar com a pressão – de 9%”, revela o estudo.
“O nosso estudo mostra que é possível reverter as consequências do envelhecimento nos vasos sanguíneos com exercícios durante apenas seis meses”, sublinha Charlotte Manisty, responsável pelo estudo, concluindo que isso equivale a uma redução de quase quatro anos na idade da aorta.
Fonte: Jornal Público (texto editado)
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